Autoria de Gibran Sarmento
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1- Desventuras da Vida
Em 2005 quando passei no meu primeiro vestibular na UEPB, não fiz festa. Mas de qualquer forma deixei meu pai orgulhoso e isso importava para mim (Ele preserva traços de um fazendeiro rústico de costumes tradicionais, sempre impôs respeito.Atualmente é funcionário público na UFCG). Minha desventura começou no primeiro dia de aula quando peguei uma carona com ele. A distância da UFCG para a UEPB é de 2 km. Dentro do carro observava o seu rosto a expressão de satisfação em deixar seu novo filho universitário. Percebi que ele não me deixaria na UEPB, mas no girador que ligava o caminho das duas universidades. Pediu para que descesse do carro e a partir daquele momento pegaria carona todos os dias para universidade. A justificativa era que nos tempos atrás, em toda sua vida tinha pegado caronas no mesmo local onde estávamos. Agora seria a minha vez de seguir seus passos. Tentei explicar que os tempos são outros, mas ele não quis saber. Só me deu o dinheiro da volta e saiu com o carro para o trabalho. “Que brincadeira é essa?”, pensei. Agora tinha duas alternativas: pedia carona (mostrando as pernas ou o polegar) ou iria andando mesmo. Escolhi a primeira sem mostrar as pernas. Passaram uns 20 carros e apenas um caminhão cheio de galinhas parou. Subi, e o camarada, gente boa, me deixou na entrada na universidade. Algumas penas ficaram grudadas na roupa. Mas achava que daria para continuar com aquilo. No outro dia foi a mesma coisa. Polegar levantado e o sol escaldante. Eu ali parado, pedido carona todos os dias. Mas que lição de vida meu pai queria me ensinar? Será que ele é uma espécie de Senhor Miyagi do filme Karate Kid? Só sei que ninguém mais dá carona como antes. Antigamente as pessoas eram solidárias nos seus fuscas e brasílias, hoje com a criminalidade todas são desconfiadas nos seus Hondas Civics. Por experiência própria percebi que não existem mais favores. Passei quase um mês pegando carona. Conheci pessoas de todo tipo. O pessoal da zona rural era o mais solidário (que Deus os abençoe!). Somente parei de pagar as caronas quando uma moça da sala (linda por sinal) me viu acenado com o polegar. Ela mandou o pai parar o carro e desceu me chamando. Dentro do carro eu estava envergonhado. Não queria falar o porquê de estar ali. Depois, resolvi arrumar um emprego e pagar pelo meu transporte. Talvez meu velho ainda pense que andei pegando carona até hoje. Uma vez me perguntou: “E as caronas?”. Respondi: “COM ELAS ME TORNEI UM HOMEM! ”
2- Desventuras da Vida
O primeiro beijo ninguém nunca esquece, assim com o primeiro porre... Numa festa de casamento de um parente o que não faltou foi vinho. Nunca tinha bebido na minha vida até aquele momento. Minha curiosidade era saber qual a sensação de estar embriagado. Qual era o prazer em beber? Foi então que tive a “maior ideia” de encher a cara. Nessa festa decidi tomar todas... Por amor a ciência, estudaria o comportamento do etanol em meu organismo (essa era minha justificativa para manter a consciência limpa). Comecei logo no refrigerante (um copo), parti para o champanhe (duas tachas), depois para o vinho (duas taças), em seguida para o uísque. No primeiro copo de uísque percebi minha língua “pesada”, meus pensamentos desorganizados e movimentos lentos. Mas tudo bem, continuei com o experimento. No segundo copo fiquei descontraído, estava contando piadas (não me lembro das piadas, mas deviam ser muito engraçadas), considerava todos como amigos, até desconhecidos. Os garçons viraram meus amigos. No terceiro copo resolvi dançar (não sei dançar), fiz trenzinho, comecei agora a considerar todos da festa como meus melhores amigos, aumentando o nível da intimidade. Dei uns tapas nas costas do pai da noiva acompanhado com gargalhadas. Nesse estágio comecei a competido com os bêbados em virar copos de uísque puro. O mundo ganhou novas cores, a música começou a fazer sentido, meus movimentos estavam em câmera lenta, aquilo parecia um “novo horizonte”. Depois de ali, sentei, vomitei e apaguei... Acordo num carro, vomito dentro e apago novamente. A sequência se repete: acordo num banheiro, vejo água caindo e apago. No outro dia acordo numa cama desconhecida, enrolado por um cobertor. Levanto a coberta e vejo que estou quase nu. Logo penso: “Meu Deus, onde estou? Será que fui violentado?”. Foi a sensação mais esquisita da minha vida. Acordar em outro lugar sem saber o que fiz. A história é a seguinte: Meus irmãos me levam desmaiado para uma pousada, me deram banho e tiram minhas roupas sujas do vômito. Isso foi o que me disseram, vai saber... (nenhuma parte do meu corpo amanheceu ardendo). Mas por pouco não entro num coma alcoólico. Passei todo o dia vomitando, colocando a vesícula biliar pra fora. Chegamos à minha conclusão. As pessoas bebem para ficarem bêbadas (boa explicação). A parti desse ponto nunca mais faria outra experiência desse tipo, nem por amor a ciência. Como aventura, agora, só pulo de bungee jumping.
3- Desventuras da Vida
Desventuras da Vida está de volta com um relato de Style (apelido). Por ser uma questão íntima de sua vida ele preferiu não se identificar.
“Acho que fui o único cara da sala a perder a virgindade com 25 anos. Conheço alguns tiozinhos que ainda são virgens com 39 anos. Eu até gostava dessa situação. Muitas mulheres se sentiam seduzidas por mim ao saberem dessa virtude. Ao responder um questionário no hemocentro pra uma enfermeira, afirmei que ainda era “cabaço” não com essas palavras, isso fez seus olhos brilharem de emoção, percebi que seu semblante mudou. Ela começou a me olhar como se quisesse me desvirginar. Isso estava ficando comum com algumas mulheres mais velhas. Mas minha primeira experiência sexual não foi lá essas coisas. No dia do meu aniversário meus amigos decidiram me dá um “presente”, me levaram a um prostíbulo. Exteriormente estava dando o maior apoio, mas por dentro estava tremendo. E se eu brochasse? Meus amigos iriam me chamar de gay. E se pegasse uma doença venérea? Esses pensamentos estavam constantemente na minha cabeça. Éramos seis amigos e entramos na luz vermelha do cabaré. Parecia um ambiente satânico, o próprio inferno. Muitas prostitutas gordas e velhas. Foi uma dessas que meus amigos contrataram seus serviços para me dá um “trato”. A “senhorita” cobrou 130 reias, mas já que era meu aniversário ganhei um desconto de 38%, que coisa boa... Fizeram um racha de 80 reais. A puta, perdão, a prostituta já estava sentada no meu colo. Eu não senti nada de prazer naquilo, ela era pesada. Ainda dizia que faria um Twister em mim. Twiste para mim era coca-cola com limão. Então fomos para um quarto. Ao fundo meus amigos gritavam: “Manda vê!”. Na minha cabeça pensava, depois dessa vou me confessar a um padre e nunca mais entro num cabaré. De frente com a puta, vi que era uma mulher acabada. Dava pra vê que já tinha "apanhado" muito na vida. Na verdade fiquei com pena dela. Mas ela queria começar o serviço, foi então que tirou minha roupa. Nada acontecia, desta vez vou brochar. Eu sabia que isso aconteceria. Ela até se esfregava em mim e nada. Ainda assim continuei nervoso. Então falei pra ela, “vamos parar com isso! Vou te dá mais 30 reais, mas faça algo pra mim. Diga aos meus amigos que fiz o que tinha que fazer. E outra, saia dessa vida...”. Então descemos do quarto e todos os meus colegas me perguntaram, “e ai?”. Foi então que ela disse que foi a coisa mais surpreendente que já fez na vida, nunca tinha tido outro igual. Meus amigos gritaram, “esse é o cara!”. Daí, saímos de lá satisfeitos e virgens...”
4- Desventuras da Vida
Algumas pessoas me chamam de empolgado, passam por mim e eu não falo. Se não falei é porque não vi, tenho miopia. Lembro que certa vez meu pai foi convidado para a posse do vice reitor da UFCG no auditório da FIEP e acabei indo junto. Sentamos nas últimas cadeiras do auditório. A posse de um vice reitor é muito enfadonha, com discursos longos e cansativos. Estava sem óculos e não consegui enxergar muito bem as pessoas do evento. Depois que a posse terminou chegou a hora do coquetel. No bar, os garçons todos de terno e gravata, não escutavam meu pedido: "garçom me dê um guaraná por favor!" Nesse momento encosta do meu lado um senhor careca, baixinho e com uma gravata borboleta igual ao dos garçons. Pensei comigo, "essa deve ser mais outro garçom" . Então falei: "oh amigo, vocês só tem coca aqui, tem guaraná não? Me dê um guaraná por favor!" O garçom chateado fala: "Eu lá sei de guaraná!" e sai enfurecido. Algumas pessoas por perto vieram me perguntar o que tinha dito para deixar aquele senhor tão chateado. "Eu pedi um guaraná pra ele..." Foi ai que percebi que o garçom na verdade era o VICE REITOR DA UFCG. Atualmente é o reitor.
5- Desventuras da Vida
No final de minha adolescência era considerado um nerd, péssimo em relacionamentos, mas dedicado aos estudos. Os nerds geralmente idealizam pessoas e não são muito autoconfiantes. Também frequentava igrejas e sabia que eram os melhores lugares para encontrar relacionamentos sérios. Bares e baladas não são provavelmente os locais onde você planeja encontrar sua futura esposa (se bem que depois frequentei esses lugares). O amor platônico idealiza a pessoa desejada a ponto de torná-la inacessível. Isso eu entendia muito bem. Minha história começa num culto de igreja, onde vejo uma menina. Toda aquela conversa de amor à primeira vista poderia dizer que existiu ali. Ela era linda, dedicada e aparentemente carinhosa (a voz uma pouco estranha, não vamos procurar perfeição). Meu problema era não conseguir aproximação (isso me tornava um fracassado ou era assim que me sentia). Procurei sentar ao seu lado nos cultos. Quando puxava assunto meu coração palpitava, as mãos suavam e minha boca secava. Acho que ela percebeu, e virava o rosto sem dá muita atenção. “Mas como chamar a atenção dessa menina?”, pensava. Eu só sabia fazer origami, desenhar rostos e escrever cartas, além de estudar. Foi tudo que fiz, coisas que nerds sabem fazer. Se pudesse a chamaria para jogar vídeo-game lá em casa. Depois de “impressioná-la”, ela foi educada, me enviou uma carta dizendo que não queria ficar com ninguém, mas somente com Jesus. Não sabia que estava competindo com Jesus, o Filho de Deus. Era uma competição desigual. No final das contas acabou namorando um amigo meu, gente boa. Mas Jesus era melhor... (Eu preferia Jesus). Depois, com o tempo mudei a forma de encarar as pessoas, malhei, mudei o visual e deixei de ser nerd. A vida social melhorou, vou a outros lugares, converso com qualquer pessoa. Se tivesse continuado como um nerd, provavelmente teria me tornado... SÓCIO DE MARK ZUCKERBERG.
6- Desventuras da Vida
No momento, decidi contar uma história verídica da infância. Começo dos meus fracassos até meus embaraços de pré- adolescente. Até hoje quando lembro me perturbo de minha reprovação na alfabetização. Não conheço ninguém que foi reprovado nessa série. Alfabetização vem de alfabeto, será que aprender o abc não seria suficiente para uma aprovação? Quando criança sempre fui danado, ao contrário, crianças muito quietas ficam danadas quando crescem (isso não é regra). Pois bem, foi difícil entender que casa não se escreve com “Z”. Além de possuir uma professora masoquista, com costume de morder a língua ao reclamar com alguém (pensava comigo, “será que a língua dela não tora?). Com tudo isso, consegui superar as deficiências na alfabetização e me tonar o melhor orador da turma. Lembro que na 6ª série fui convidado pelos professores para fazer uma pequena palestra sobre animais peçonhentos no auditório da escola, por me destacar. Como não estava habituado com uma pateia de 300 alunos, fiquei tão nervoso que esqueci do que iria falar. Um “branco” tomou conta da minha mente, todos estavam calados esperando que dissesse algo. Olhei para a professora (que não mordia a língua), e ela acenava com a mão, gesticulando para que pudesse dizer qualquer coisa. A diretora começou a gesticular também. Todos os professores começaram a gesticular como uma coral. Estava suando frio, o coração palpitando como se estivesse saindo pela boca. Cadê o assunto sobre escorpiões e aracnídeos? Pensei comigo, “tenho que fazer alguma coisa, não posso ficar assim”. Então fingi está tendo um ataque epilético com direito a tremedeiras e espuma pela boca. Passei poucos segundos. Depois acordo e finjo, “o que está acontecendo!?”. A diretora corre e me leva para a cantina. Passa álcool nas minhas mãos e prepara um lancha para mim. Ai penso, “que legal, acabei de ganhar um lanche, talvez faça isso mais vezes...”. Realmente era um menino muito danado... Mas o bom é que hoje já dou aula em auditórios lotados de alunos e graças a Deus nunca mais tive que fingir outro ataque epiléptico.
7- Desventuras da Vida
Quais as pessoas que você deve se preocupar nesse momento? Seus familiares próximos, seus amigos, e seus professores. Se tiver namorada a inclua na lista. O resto não importa... Não precisa agradar mais o resto. A grande lição de hoje: É impossível agradar todo mundo. Não se preocupe quanto a isso. Sempre vai existir alguém que não vai gostar de você e que não vai com tua cara, isso do nada. Apenas trate essa pessoa bem. Nada muito exagerado. Seja simpático e pronto. Agora as pessoas que estão do seu lado, as valorizem muito. Porque são elas que continuarão do seu lado para o que der e vier. Caso nem essas estiverem do seu lado. Deus estará. Não para sustentar suas maldades, mas para nos levantar das quedas.
8- Desventuras da Vida
Ninguém sabe o que significa amor. A frase, "eu te amo" está tão banal que embrulha até o estômago. Vejo que alguns casais com um mês de namoro escrevem: "você é o amor da minha vida, pra sempre te amarei", entre outras baboseiras. Além da frase ser 'batida", existe uma grande falsidade nisso. Como duas pessoas que se veem nos fins de semana (8 dias que se conhecem) já estão dizendo que se amam? Calma, vou dizer o que aconteceu com essa casal... Depois de dois meses o amor terminou e o casal já estava com outros. Com certeza a frase, "tem amo pra sempre", está sendo usada novamente. Não preciso dizer toda hora que amo, porque amor não é feito de palavras, mas é perceptível quando surge. Não confunda paixão com amor. Paixão é um sentimento temporal e irracional, diferente do outro que é nobre e duradouro. Existem tipos de amor. O ágape é a definição do supremo amor, o Divino. Ninguém nunca vai chegar à esse nível (perfeito e incondicional). Primeiramente porque o amor entre pessoas é condicional e temporal. Não existe eterno entre pessoas, mesmo que dure a vida toda, a morte o destruirá. Apenas um Ser Supremo poderá amar eternamente. Na história houve apenas um caso de um homem de excessiva riqueza, dono da mais alta autoridade que no final abriu mão de tudo, se fez pobre, sofreu e morreu por amor. Ele não saiu por ai dizendo que amava, mas o demonstrou.Talvez você já tenha uma noção de quem seja essa ilustre pessoa. Por isso vamos seguir seu exemplo de praticar ao invés de falar.
9- Desventuras da Vida
O ano mais sedentário da minha vida foi o de 2011. Quando passei todo esse tempo estudando 7 horas por dia na biblioteca municipal de campina, prestaria vestibular para medicina. Neste mesmo ano conheci amigos para o resto da vida. Um desses amigos é Pierre, um cara esforçado que estudava 12 horas por dia. Provavelmente ele não tenha facebook, recentemente passou num concurso de promotor em Minas Gerais. Pierre além de um bom estudante era um atleta, corria todo o dia na Rua Juscelino. Ficamos sabendo da corrida noturna da Correio e nos inscrevemos. Fomos treinar apenas um dia ao redor do açude velho. Eu vivia me gabando dizendo o quanto era um corredor, que ganharia em primeiro lugar, e se o prêmio fosse uma bicicleta ela seria minha. Depois desse treino disse a Pierre que não precisava mais treinar, porque tinha condições de ganhar aquela corrida facilmente. No grande dia, resolvi jantar para ganhar calorias suficientes para vencer (foi o que imaginei). Minha alimentação foi cuscuz com ovo (tinha que ter), pão assado, café com leite, depois um prato de sopa (cabeça de galo, a parte líquida) para dá sustância, barras de cereais para trazer energia. Estava pronto para a corrida. Durante o aquecimento vi a atleta Pretinha, e uma elite de quenianos (pareciam quenianos). Daí pensei: “vou acompanhar a elite e no final passo de todos para a vitória”. Disse a Pierre: “cara se você não conseguir me acompanhar fique no seu ritmo porque vou à frente com a elite”. Foi dada a largada. Dei o melhor, comecei a dá tudo de mim, deixei Pierre para trás. Só esqueci de mencionar que a corrida eram de 10 km. Nos primeiro 200 metros, realmente, consegui acompanhar a elite, mas o meu coração começou a doer e bater exageradamente, quase que tive um ataque cardíaco. Quando cheguei aos 500 metros resolvi diminuir o ritmo, quase andando. As pessoas começaram a passar, as mulheres começaram a passar, um casal de velhinhos passou. “Ei pera aí! Isso não admito, perder para os velhinhos?!”. Então comecei, novamente, a dar todo o gás e consegui alcançar o casal de velhinhos, mas meu coração começou a doer de novo e tive que diminuir o ritmo. Pierre me alcançou e começou a rir. Então foi que disfarcei, dizendo que o importante não era ganhar, que tinha o esperado mostrando uma demonstração de espírito nobre. Nesse momento também não estava conseguindo acompanhar Pierre. Ele me disse: “Gibran, infelizmente você é meu amigo, mas não posso permanecer no seu ritmo, você está muito lento”. Falei pra ele: “que amigo é você...!?” Eu estava esgotado, meu amigo foi embora gritando: “não desista...” e o vi desaparecer no horizonte do asfalto. Um velhinho de 80 anos começou a me ultrapassar. O confronto foi acirrado, ele passava e eu novamente insistia em ultrapassá-lo. A competição estava declarada entre aquele senhor e eu. Ele sabia que estávamos competindo violentamente. Nos últimos 100 metros ele passou, não deixaria aquele senhor vencer de forma alguma, era uma questão de honra agora. Dei minhas últimas forças. Ficamos acirrados nos últimos metros, mas ai como uma ajuda divina, consegui forças para o vencer. E venci... O sabor da vitória foi maravilhoso! O velhinho ficou com raiva pela sua cara desanimada. Então o consolei: “deixa para próxima, vovô!”. Cem pessoas tinham passado na minha frente, terminei a prova em mais de uma hora, mas ninguém poderia tirar o gosta da vitória que meu corpo dormente sentia. Deitei no asfalto e uma leve chuva caiu. Lembrei-me do filme, “Um sonho de liberdade”, quando o presidiário levanta as mãos para o céu comemorando sua liberdade com a língua de fora amortecendo gotas de chuva.
10- Desventuras da Vida
É certo que na hora da dor todos procuram Deus. Lembro que aos 13 anos de idade eu tinha um cachorro chamado Stalone, o nome era inspirado no ator Silvestre Stalone que nessa época tinha gravado o filme Rambo II, estava no auge da sua carreira. Já Stalone, o cão, não perdia nenhuma oportunidade para fugir de casa, saia correndo para se prostituir com a cachorrada da vizinhança, e não tinha nenhuma consideração pelos donos. Esse cachorro era um verdadeiro boêmio, se é que posso chamá-lo assim, vivia envolvido em orgias caninas e sempre voltava no dia seguinte todo sujo e desconfiado. Às vezes, uma cachorrada parava em frente ao meu portão esperando Stalone fugir. Num dia desses, o safado aproveitando a brecha do portão, sai desesperadamente de casa às 23h00min da noite, e eu corri feito louco atrás dele. Procurei por todo bairro e nada de encontrá-lo. Foi ai que dei de cara com outro cachorro que coincidentemente tinha fugido de casa. A raça era pastor alemão capa preta, o nome capa preta não significava coisa boa. Nesse encontro, o pastor alemão me ataca e arranca metade da “batata” da minha perna. O dono avista o cão e consegue retirá-lo de cima de mim. Toda a vizinhança acorda para ver o ocorrido. Tentei andar, mas cai no chão instantaneamente. Pensei comigo: “sou homem e não posso chorar...” Mesmo pensando assim, acabei berrando de dor. No caminho do hospital fiz um acordo com Deus, se a minha perna ficasse boa iria fazer tudo diferente daqui pra frente. Depois de dois meses me recuperei e Stalone morre de uma doença venérea para sua desgraça. Cada um colhe o que planta. Nenhum ressentimento contra aquele cachorro ... SAFADO!!!